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Fotografia - 3º prémio - Concurso de Poesia

 Autoria: Silvandra dos Santos


Criou-se um padrão,

uma ditadura do que se é belo

e do que não é,

 

o normal passou a

ser escândalo

estrias nas coxas, espinhos no rosto,

 uma barriga que sobressai,

 

um corpo que não

cumpre

o padrão,

é considerado feio

que sociedade,

vazia me encontro...

 

Apontas uma câmara pra mim,

o que tencionas fotografar?

quem eu sou,

 ou quem pareço ser?

 

Tencionas fotografar o meu corpo,

mas por que não fotógrafas

o meu interior?

 

Por que só consegues

observar o meu exterior?

por que limitas-te

se podes mergulhar fundo?

 

Olhas apenas para o meu corpo,

julgas-me

fazendo-me refém do teu juízo,

se me rotularás como bela

ou aberração.

 

Eu quero ver-te,

fotografar o meu silêncio

fotografar a minha dor

 

fotografar os meus medos

fotografar às minhas inseguranças

fotografar às minhas cicatrizes

 

fotografar o meu verdadeiro eu

fotografar a minha beleza interior,

 

quero que olhes para mim,

e fotografes

a minha essência

 

fotografa a minha dor

e tudo o que ela me tornou,

 

não quero que

tires uma foto do meu exterior,

os monstros se escondem

aqui dentro,

 

liga os refletores,

vem fotografar

aquilo que não se pode ver.

 

A fotografia mente,

deve ser por isso que gostamos delas,

 

escondem quem somos,

eliminamos o que nos é

marcado como imperfeição,

 

ajustamos o corpo

adicionamo-lo aquilo

que é denominado belo.

 

A sociedade,

obriga-te a ter o que eles

não têm

a ser quem não és,

ensina-te a viver

dentro de uma fotografia,

a ter uma vida mentirosa

e de aparências.

 

Peço-te

fotógrafa quem sou

além da minha aparência,

captura a minha essência

sou única, possuo defeitos

mas sou fiel a quem sou.

 

Fotografa cada espinho,

cada "imperfeição"

cada detalhe

e não o modifiques

pois esta sou eu.

 

Imperfeita, mas fiel a mim mesma.

 Sê tu também fiel a ti,

a verdadeira beleza

vem de dentro,

nada mais lindo

do que a essência.

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