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Poemas & Poetas, Aninhas e suas pedras - Cora Coralina

 

Aninha e suas pedras

 

Não te deixes destruir…

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

 

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces.

Recomeça.

 

Faz de tua vida mesquinha um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

 

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso

aos que têm sede.

 

Cora Coralina

Cora Coralina (ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) nasceu em 20 de agosto de 1889, na cidade de Goiás. Ali, frequentou a escola durante apenas três anos e tinha muita dificuldade em aprender. De acordo com a escritora, numa entrevista concedida a Miriam Botassi (1947-2000), quando chegou à idade de se casar, teve “muito medo de ficar moça velha sem casar”.

Já que tinha ideias não aceites no tempo, a família considerava-a uma louca, por ser diferente. Era considerada feia e, por isso, tinha medo de ficar solteira. Então, ligou-se religiosamente a Santo António e casou com um paulista, em 1910. Depois do casamento, a poetisa mudou-se para São Paulo, onde viveu entre 1911 e 1956, e teve filhos e netos. Nesse estado, morou na capital e, também, nas cidades de Jaboticabal, Andradina e Penápolis.

Contudo, segundo Cora Coralina, a realidade do casamento foi diferente do que tinha sonhado. Ela sonhava com um príncipe encantado, mas acabou casada com um homem muito ciumento e que era 22 anos mais velho do que ela. Quando ficou viúva, em 1934, a escritora enfrentou dificuldades financeiras. Para terminar de criar os filhos, trabalhou como vendedora de livros de porta em porta.

Segundo a poetisa, ela foi dona de uma fazenda, criou porcos, vacas leiteiras, searas de milho, “tuia” de arroz, vendeu algodão e feijão. Mais tarde, voltou para Goiás, onde vivia sozinha, pois os filhos moravam todos em São Paulo. Ela gostava dessa solidão, gostava de viver livre. Ali, exerceu, também, o ofício de doceira.

A autora escrevia desde os 14 anos de idade, mas somente em 1965 publicou seu primeiro livro — Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Era conhecida em sua região e desconhecida no restante do país.

De Cora Coralina foram publicadas várias obras:

Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, poesia, 1965

Meu Livro de Cordel, poesia, 1976

Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha, poesia, 1983

Estórias da Casa Velha da Ponte, contos, 1985

Os Meninos Verdes, infantil, 1980

Tesouro da Casa Velha, poesia, 1996 (obra póstuma)

A Moeda de Ouro Que um Pato Engoliu, infantil, 1999 (obra póstuma)

Vila Boa de Goiás, poesia, 2001 (obra póstuma)

O Pato Azul-Pombinho, infantil, 2001 (obra póstuma)




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