Autoria: Silvandra dos Santos
Criou-se um padrão,
uma ditadura do que se é belo
e do que não é,
o normal passou a
ser escândalo
estrias nas coxas, espinhos no rosto,
uma barriga que sobressai,
um corpo que não
cumpre
o padrão,
é considerado feio
que sociedade,
vazia me encontro...
Apontas uma câmara pra mim,
o que tencionas fotografar?
quem eu sou,
ou quem pareço ser?
Tencionas fotografar o meu corpo,
mas por que não fotógrafas
o meu interior?
Por que só consegues
observar o meu exterior?
por que limitas-te
se podes mergulhar fundo?
Olhas apenas para o meu corpo,
julgas-me
fazendo-me refém do teu juízo,
se me rotularás como bela
ou aberração.
Eu quero ver-te,
fotografar o meu silêncio
fotografar a minha dor
fotografar os meus medos
fotografar às minhas inseguranças
fotografar às minhas cicatrizes
fotografar o meu verdadeiro eu
fotografar a minha beleza interior,
quero que olhes para mim,
e fotografes
a minha essência
fotografa a minha dor
e tudo o que ela me tornou,
não quero que
tires uma foto do meu exterior,
os monstros se escondem
aqui dentro,
liga os refletores,
vem fotografar
aquilo que não se pode ver.
A fotografia mente,
deve ser por isso que gostamos delas,
escondem quem somos,
eliminamos o que nos é
marcado como imperfeição,
ajustamos o corpo
adicionamo-lo aquilo
que é denominado belo.
A sociedade,
obriga-te a ter o que eles
não têm
a ser quem não és,
ensina-te a viver
dentro de uma fotografia,
a ter uma vida mentirosa
e de aparências.
Peço-te
fotógrafa quem sou
além da minha aparência,
captura a minha essência
sou única, possuo defeitos
mas sou fiel a quem sou.
Fotografa cada espinho,
cada "imperfeição"
cada detalhe
e não o modifiques
pois esta sou eu.
Imperfeita, mas fiel a mim mesma.
Sê tu
também fiel a ti,
a verdadeira beleza
vem de dentro,
nada mais lindo
do que a essência.
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